sábado, 27 de outubro de 2012

Organizações contra plantas transgênicas criam factoide envolvendo a CTNBio e o artigo desacreditado de Séralini e cols. sobre milho GM e tumores


O site Em pratos limpos, que sempre se posiciona contra as plantas transgênicas, pois não acredita na sua segurança, recentemente (25 de outubro de 2012 - http://pratoslimpos.org.br/?p=4857) postou um comentário intitulado “CTNBio revisa licença do milho transgênico”. Outros sites papagaio imediatamente repetiram o bordão, mas não verificaram a veracidade da afirmação. Mas procurando conferir a informações nas fontes fidedignas, se chega à conclusão que não é nada disso!

Em primeiro lugar, o assunto sequer está na pauta da reunião do dia 8, que é o dia das votações (na Plenária) (http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/17582.html). Naturalmente, é sempre possível adicionar um assunto à pauta, mas daí a afirmar que “A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) irá avaliar, ..., o pedido de suspensão do plantio, comercialização e consumo do milho transgênico (NK603)” é afirmar algo que, muito provavelmente, não acontecerá, por várias razões que serão comentadas abaixo. O que pode voltar a ser discutido é a pertinência científica do artigo do Séralini e a validade de seu uso como amparo ao dispositivo legal que levaria à reavaliação do risco deste produto. Um passo de cada vez.

Mas a chamada na internet serve para criar a impressão de que o artigo de Séralini e seus colegas tem valor e que a CTNBio vai rever o que fez em 2008 por causa dele. Linda estratégia.

Em segundo lugar, no dia 7 as Comissões Sub-setoriais podem, naturalmente, discutir o assunto, mas a CTNBio, através da sua Presidência, já tem uma posição oficial sobre a questão, encaminhada ao Ministério das Relações Exteriores, que a solicitou (http://www.ctnbio.gov.br/upd_blob/0001/1721.pdf): o artigo de Séralini e seus colaboradores não tem fundamento científico.

A opinião técnica da CTNBio reflete as opiniões da EFSA, das seis principais academias científicas da França, do Alto Conselho de Biotecnologias  (HCB) francês e da ANSES (Agence nationale de sécurité sanitaire de l'alimentation, de l'environnement et du travail), que descartaram qualquer valor de evidência no trabalho de Séralini e cols. A posição coincide com a de pesquisadores e avaliadores de risco brasileiros, que já haviam se manifestado anteriormente contrários ao pretenso valor científico deste trabalho. Além disso, contrariamente ao que o post do Em pratos limpos afirma (“ ...a França avalia o tema.”), o Governo Francês, assim que a ANSES e o HCB se pronunciaram, rejeitou qualquer reavaliação de permissão de comercialização do milho NK603 (http://genpeace.blogspot.com.br/2012/10/a-franca-faz-seu-dever-de-casa.html). Isso é público e notório, desde o dia 22 de outubro deste ano.

Assim, a menos que os procedimentos da Comissão caminhem contra as evidências científicas, a questão da reavaliação será descartada a priori.

Para acessar o grande lote de evidências que apontam a ausência de valor no artigo citado, quem sabe até a má fé se seus autores, adicionamos os links deste site, com ênfase no primeiro, onde discutimos em detalhes a impropriedade de se usar as informações do artigo de Séralini num pedido desta natureza à CTNBio.


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